terça-feira, 29 de março de 2011

embora....

Até poderia ir, embora não fosse o medo da represália, da cobrança e de tudo o mais que poderia me sobrepor. Poderia abrir mão do sonho de viver uma vida, para viver a carga de outra, embora isso possa parecer mais cômodo. Não é necessário enfrentar a opinião dos outros, acaba fazendo tudo o que os outros imaginam que você goste, menos aquilo que você deseja. Para alguns é melhor...embora eu não deseje! Gostaria de ver mais brilho nos olhos, embora sejamos ofuscados muitas vezes. Minha vontade é de sentar na beira do mar, sentir a brisa das ondas, ver o pôr do sol, embora isso não seja possível todos os dias e eu ainda não conheço o mar. Seria muito bom se chimarrão, café e vinho fossem saboreados, com conversas ao pé da lareira, ao redor da mesa da cozinha, na sombra da pitangueira, na varanda de casa, embora isso muitas vezes seja substituído por bebidas sem sabor, conversas sem teor. Embora eu tente aguentar, não suporto. Corpo se torna objeto de uso, inteligência se classifica as pessoas, coração serve apenas pra bombear sangue..embora goste de ouvir o que ele tem a falar, o que ele sente, o que ele deseja. Embora tenha que ser intelectual, estudar, ser rápido no raciocínio, objetivo na escrita e blábláblá, gostaria de ouvir a poesia de Mário Quintana, o pensamento de Drummond e a bossa de Holanda. Não é filosofia, mas faz pensar sobre a vida. Faz pensar sobre a liberdade, o amor, a expressão, o valor. Embora muitos não queiram isso, fogem disso, tem medo de enfrentar isso, não querem isso. Preferem padecer nas suas convicções frias e sem calor, sem nexo nem sexo, sem tesão, nem prazer. Embora tudo isso, eu gosto de sentir a brisa do orvalho, o perfume do jardim, o canto dos pássaros e não abro mão de embora tudo isso parecer fútil, acreditar na vida e em um mundo mais livre!

domingo, 13 de março de 2011


Despertar!
Um poema apaixonado ou apaixonante?
Ao desembarcar, não pude desviar o olhar de tal cena... Algo encantador estava encostado à mesa. Uma cerveja e um copo clamando para tocar aqueles lábios de cor tão intensa e brilho tão encantador. A pele clara dava a sensação de que seria como tocar o mais fino algodão. Não havia maneira de desviar a atenção...nada era mais atrativo que tal ser humano, digno de atenção e carinhos...os desejos mais insanos botavam à flor da pele...sentia-se a leveza de suas mãos, o calor de sua boca, a doçura de seu beijo, a força de suas pernas, a contração de seu abdômen..ahh!! como gostaria de desfrutar daquele corpo...com todo respeito e maestria digno de ser provado... o brilho de seu olhar tornava ainda mais atraente tal ser humano. Notava-se nitidamente a intensidade de seu desejo, de sua ânsia em desfrutar tal prazer.. o que clamava humanamente, o que despertava celestemente, o que tornava divinamente impossível resistir tais desejos e anseios..
O despertar foi interrompido pelo vento insinuante..frio e cortante...levou o que mais admirava para longe...tornou cada vez mais impossível de alcançar...mas jamais deixou de despertar os mais insanos desejos da carne, do corpo, da alma, do espírito...

Passa tempo

Os dias caminham vagarosamente. O calor se torna inquietante e incomoda o conforto que existe na sombra de casa. Não há o que fazer pra se sentir bem. Mas a casa aberta, a flor na mesa da cozinha e o bule de café fazem com que todo o calor e toda a angústia desapareçam. Só de pensar que existem naquelas latas em cima do armário, várias bolachas de nata, manteiga, milho, mel. Ahh!! Quanta coisa gostosa. O aconchego da família, o riso aberto, a conversa fiada, o salame, queijo, café, pão, bolo....e de que jeito manter a forma assim...com tanta coisa pra se provar...tanto amor, tanto carinho, tanta ternura, tanta alegria, tanta coisa boa e saborosa!